domingo, 1 de março de 2009

O frescor, a minha inquietude e os meus dentes

ou mais um capítulo das Memórias do Século Passado

Eu devia ter uns 13 anos, não parecia mais criança, mas ainda não tinha muita cara de nada. Estava na frente do espelho estranhando aquela pessoa que eu via. Minha mãe entrou no quarto e, provavelmente sensibilizada com a minha cara de desapontamento, perguntou se estava tudo bem.
- Eu não gosto das serrinhas nos meus dentes.
- Ah filha! Elas só querem dizer que você é jovem, meu amor.
- Eu não gosto...

Mal sabia eu o quanto eu ia apreciar o que queriam dizer minhas serrinhas agora que elas são só um vestígio de imprecisão nos meus enormes dentes, e quase já não dizem mais nada daquilo.

Eu quero conservar o máximo que eu puder a risada fácil daqueles dias. A cabeça fresca, o inconformismo e a paixão fugaz pelas histórias e pessoas que passam pela minha vida. Quero morrer velhinha ouvindo música alta e quebrando a cabeça pra fazer coisas novas. De preferência cada vez mais difíceis. Porque por mais que eu busque incansavelmente uma zona de conforto, a calmaria acaba me irritando demais depois dos primeiros 10 minutos. Como diz a Penelope Cruz (na pele da Maria Helena no filme mais almodovariano do Woody Allen) com seu irresistível sotaque: cronic insatisfaction!

Quer saber? Fuck it! Alguma hora eu vou ter que aprender a abraçar a insatisfação eterna e entrar sem tanta relutância no seu looping recursivo infinito. E vambora procurar a próxima. encrenca.

Vai ver que é isso que as minhas quase idas serrinhas dos dentes querem dizer nessas alturas do campeonato.
.

4 comentários:

Plinio Bolognani disse...

Primeiramente não eram serrinhas, e sim mega serrotes industriais.

E digo mais, essa inquietude faz muito bem..." pedras que rolam não criam limbo"

Mia Sílvia disse...

Ia, acho que ele foi muito gressivo.....

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

Ia, não vou falar nada, ele é seu brother, mas num tá certo!

Silvinha disse...

hahahahhahahaha!
louco por mim....