sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Amores, isqueiros e a vida

ou "Que não seja imortal, posto que é chama..."
ou "Um BIC acende 3000 vezes. Ou mais."

Fui tomar uma café no intervalo do consultório. Sentei numa das mesinhas externas e, fazendo uma das minhas grosserias preferidas, fiquei ouvindo a conversa de duas mulheres. Quarenta e tantos, cinquenta e poucos anos. Uma era viúva há um tempo, a outra recém-separada.

É claro: falavam dos seus homens. Não sei do que morreu o primeiro, mas foi jovem. O segundo saiu de casa e foi morar com uma moça do escritório. Bla, bla, bla. Difícil viver com eles, triste viver sem eles. Os últimos dois anos com ele foram os piores. Os primeiros anos depois que ele morreu foram os piores. Foi bom enquanto durou. Eu faria tudo de novo. Bla, bla, bla.

Fui acender um cigarro e vi que meu isqueiro tinha acabado. Queimou tudo que tinha pra queimar. É raro acontecer isso, não? Isqueiro é uma coisa que se perde. Ou alguém enfia no bolso e rouba ele de você antes que ele acabe. Perdeu um rosa. Apareceu um branco. Sumiu o branco. Comprou um laranja. E assim vai.

É claro: fiquei pensando sobre a vida da gente. Sobre a implacável impermanência de tudo que passa na vida da gente. Tem coisas que queimam até o final e acabam. Tem coisas que ainda podiam queimar mais um pouquinho, mas a gente acaba perdendo. Ou alguém põe no bolso e leva embora.
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6 comentários:

mélis disse...

ESMAAAAAAAAAAAAGA!

Caramba, Sil. Caramba!

Plinio Bolognani disse...

adorei :D

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

Vida, isqueiros e o amor...
Vida empresta o isqueiro?
Claro meu amor!
Luv.U

Lavi disse...

É como a ciranda dos amigos. Alguns ficam ao seu lado a vida toda, outros vão e voltam, outro nunca vêm, outros nunca voltam...

beto disse...

ta ficando complicado ler esses blogs... num vc chora, no outro corta os pulsos... meu, assim não dá. Love, B

renatasakai disse...

adorei, nega.