sábado, 22 de fevereiro de 2014

fallen

a julia se apaixonou pelo juliano quando o viu enrolando o fio do carregador, todo lisinho e certinho, igual quando era novo na caixa.

a pat se apaixonou pelo guilherme quando ele falou que concordava com o rei do camarote em várias coisas.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

great expectations

a butterfly in your stomach is a feel good party that makes you sigh and daydream.
a bat in your stomach is just a blind, clueless creature that makes you nauseous.

i think charles dickens said that.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

stupid cupid


don't you dare, bitch!



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Albergue

Se quiser faz reserva, sem compromisso.
Aqui não se cobra 'no show'.
Se resolver aparecer, só traz uma identificação e diz de onde vem.

Tem lugar, sim. Sempre tem.
Dá pra achar quase tudo que você precisa.
Olha, usa à vontade. Do que tem, não falta.

Você fica um tempo, aproveita.
Depois pega suas coisas, deixa o que é daqui e vai embora.
Não precisa dizer pra onde vai.
Se um dia estiver por perto, quem sabe dá uma passada.

Basicamente é isso:
Chega quando quiser, fica o tempo que quiser, sai na hora que quiser.
Volta se quiser.
Assim fica bom pra todo mundo.
Só que não.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Gustavo pequeno: haikai





Mãozinhas, olhos, cabelo
Quero você comigo
Saudade é duro castigo 

sexta-feira, 29 de março de 2013

Amores, isqueiros e a vida. Parte 2


"Que não seja imortal, posto que é chama..."


De tudo que eu falo, tudo, um pouco é sempre sobre amor. Também pode ser sobre coisas que eu descobri da vida. Mas a maior parte é mesmo sobre amor.

Amores e a vida. O jeito melhor do mundo pra falar disso é em volta da mesa, com amigos dispostos a ouvir sobre novos e velhos amores.
Surpresas, encantos, encontros ardentes, corações partidos, eternos vai-e-vens.

Fui acender um cigarro e vi que meu isqueiro tinha acabado. Queimou tudo que tinha pra queimar. É raro acontecer isso, não? Parece que o normal é que isqueiro não acaba. Isqueiro é uma coisa que se perde. Ou alguém vem e rouba de você antes que ele acabe. Perdeu um rosa. Apareceu um branco. Sumiu o branco. Comprou um laranja. E assim vai.

É claro: isso me fez pensar de novo sobre amor e sobre a vida da gente. Sobre a implacável impermanência de tudo que aparece na vida da gente. Tem coisas que queimam até o final e acabam. Tem coisas que ainda podiam queimar mais um pouquinho, mas a gente acaba perdendo. Ou alguém põe no bolso e leva embora. Ou a gente descobre que é de outra pessoa e tem que devolver.



pra quem quiser ver, a parte 1 tá aqui

sexta-feira, 8 de março de 2013

MULHERZINHA

esse papo de dia internacional das minorias sempre me pareceu estranho. por causa daquele lado da hipocrisia, essas coisas q a gente aprende nas ciências humanas e nos meios pensantes.

eu achei um post velho, e vi que no dia da mulher, há 4 anos, eu me achava na responsa de publicar um texto meio indignado, jogando na cara de sabe deus quem a falta de igualdade, a injustiça histórica, aquela coisa toda. pra ver o tal texto clique aqui.

só que agora em 2013 eu tô uma pessoa mais leve, e também com menos tempo pra ser engajada e ter grandes opiniões sobre o que não é crucial, ou sobre o que sai do meu dia a dia.
isso é bom? ruim? sabe se lá.

o fato é que me sinto menos chata.
e também me sinto mais à vontade quando abrem a porta do carro pra mim.
e quando escolhem um restaurante bonito pra me levar.
quando me elogiam.
ou quando fazem essas coisas aviltantes de desigualdade.

hoje eu tô pouco ligando pra ''consciência social'' e tô conseguindo ser grata a quem me disse parabéns, a quem me deu flores ou chocolate.

e também percebo que, da mulher que eu era antes, eu só tenho saudade mesmo é do shape do meu bumbum.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

VERDE MAR DOS OLHOS DELE


Tinha olhos pequenos e pernas compridas. Se jogava na água e pegava jacaré até beeeem no rasinho. Apertava os olhos ardidos de sal e sorria com a boca grande.

As vezes ficava sozinho na areia e via os meninos maiores entrando pra surfar. Achava legal que eles punham a mão na água e faziam o sinal da cruz.

Um dia arrumou uma prancha azul, sabe-se lá onde. Era azul? Não importa. O que importa é que ele ficava de pé, equilibrado nas pernas compridas, e aquilo era bom demais. Nem via o tempo passar.

Pena que logo a prancha se espatifou na areia. Da prancha foi um pedaço azul pra cada lado. Do menino dos olhos pequenos foi um caldo e um cotovelo ralado. Foi assustador pensar em perder as ondas.

Nem passou na cabeça pedir mais ajuda da vó e do vô.

E aí aprendeu uma coisa pra vida toda: o que quisesse, teria que conseguir sozinho. 
E assim foi.

Juntou seus brinquedos e rifou. Fez questão de levar os prêmios na casa da menina sorteada. Foi a primeira vez que viu uma menina chorar de alegria. Não entendeu direito e pensou que meninas eram estranhas, mas gostou muito que ela deu um beijo nele.

Não queria nunca mais ter uma prancha partida pelas ondas. Comprou uma prancha difícil de quebrar, e nunca mais parou de surfar.

Coitada da menina que ficou com o coração partido. 
Ele nunca mais voltou pra buscar outro beijo dela.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Quem eu queria ser


Teve um tempo eu queria ser a Renata irmã do Duda porque ela sabia assobiar bem alto com os indicadores na boca.

Depois eu queria ser o Raul porque a brincadeira dos meninos era mais legal e ele era o mais alto e mais forte.

Um tempo depois eu queria ser a Paulinha da 6a B porque todos os meninos gostavam dela.

Daí eu queria ser a Jullie porque ela não tinha horário pra voltar pra casa e a mãe dela deixava ela fumar.

E depois queria ser a Susan Sontag porque ela tinha idéias impensáveis e escrevia coisas pra fazer o mundo melhor.

Depois queria ser a Alanis porque ela cantava pra caraca, era bonita, inteligente e escrevia letras de mulher forte.

Daí queria ser a Paris Hilton porque ela era magra e rica e não levava nada muito à sério, o que resolveria praticamente todos os problemas que eu já contemplei.

Hoje eu queria ser qualquer menina de 16 anos e ainda ter muuuuito tempo pra fazer bobagens na vida.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

antes tarde

fora as coisas de bicho que a gente já nasce sabendo, o resto a gente só sabe se aprender.

tudo que a gente vem a saber, a gente aprende nas experiências com o mundo, e principalmente, na convivência com os outros.

nos últimos tempos minha convivência ficou bem restrita a mim mesma, por motivos bons ou ruins, que não vem ao caso. o fato é que eu aprendi algumas coisas nesse longo auto-encontro:

1- eu sou problema meu
2- as pessoas se importam, mas eu continuo sendo problema meu
3- eu posso ter ajuda, mas eu ainda serei problema meu
4- queira eu ou não, o problema de ser eu é meu
5- tenha eu habilidade de resolver ou não o problema, adivinha? ele ainda é meu.
6- mesmo que eu tenha tido a impressão de que eu era problema alheio, na real, eu era mesmo problema meu.

não foi sem dor que eu aprendi isso tudo, nem sem uma boa dose de sensação de incompetência ao longo do caminho. nem sem um profundo sentimento de remorso por ter deixado o problema à deriva por tanto tempo e, por não me tocar que eu não era problema alheio, provavelmente ter causado muitos transtornos a outrem.

às vezes acho que eu fui a incompetente por não ter aprendido antes. às vezes acho que uma série de acasos e responsabilidades espalhadas acabaram não me dando a oportunidade de aprender. culpa de quem for, o problema é meu.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

insônia

disturbing news:
salto sobre a cerca passa a ser esporte olímpico em 2012.

#londongames



quinta-feira, 12 de julho de 2012

poesia concreta

tu és pó e ao pó retornarás.
até isso era mentira.
uma lata velha e uma colher de pedreiro. 
ele ficou lá quietinho. e puseram por cima uma camada de cimento.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

patchwork

eu tive a sorte de ter nascido numa família maravilhosa. com manhãs perfeitas de comercial de margarina, festas barulhentas de pastelão italiano, drama de filme do dogma. muito amor entre as pessoas. eu cresci numa casa onde tortas cheirosas eram postas pra esfriar na janela, embora isso nunca tenha de fato acontecido.
por isso deve ter ficado na minha cabeça que o único jeito de dar certo na vida era conseguir reconstruir essa exeperiência. ter a minha própria família trapo pra amar. obrigar meus amigos a ver intermináveis videos caseiros, dirigir gritando com a molecada zoando no banco de trás, curtir a dois o silêncio das crianças na cama, fazer compras de mês, chorar com cartões feitos de pintura a dedo, me gabar com a lista do vestibular na mão.
ao invés disso eu costuro almofadas e faço planilhas. tenho três violetas e uma arvorezinha de manjericão gigante. eu jogo nos apps do celular e decido onde aplicar minhas economias. eu dou risada sozinha das histórias que eu escrevo e não ligo mais pra um monte de coisas que eu ligava antes. escolho se quero barulho ou silêncio. eu apago tudo antes de dormir.
acho que vai dar tudo certo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

whatever works

Whatever love you can get and give, whatever happiness you can filch or provide, every temporary measure of grace, whatever works.
And don’t kid yourself, it’s by no means all up to your own human ingenuity. A bigger part of your existence is luck than you’d like to admit.

segunda-feira, 14 de maio de 2012